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| Foto: Reprodução |
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desembolsou, entre 2019 e 2024, R$ 600 milhões em bônus destinados a acelerar a análise de pedidos de aposentadorias e auxílios, mas o resultado foi o oposto do esperado.
Mesmo com os investimentos em bonificação, a fila, ao invés de ter sido reduzida, cresceu. Em 2019, eram 1,9 milhão de pedidos de benefícios em análise. Os números de setembro de 2025 apontam que a fila tem atualmente 2 milhões e 780 mil requerimentos com solicitação de auxílios, aposentadorias, pensões e BPC. Os dados oficiais são do Ministério da Previdência Social.
A política de gratificações foi criada em 2019, com a promessa de aumentar a produtividade dos servidores. Naquele primeiro ano, o INSS destinou R$ 161,5 milhões à gratificação de desempenho, e o efeito inicial foi positivo: a produtividade média subiu 45%. No entanto, o avanço não se sustentou.
Em 2024, o índice de produtividade despencou para 12% — o pior patamar da série histórica, revelando o fracasso das medidas para destravar os processos.
POUCOS SERVIDORES
Com poucos servidores e muitos pedidos de benefícios, o INSS enfrenta um cenário de burocracia, lentidão e desconexão com o segurado, o que mantém a autarquia sob forte pressão social e política.
Nos dois programas criados para enfrentar o problema — o Programa de Enfrentamento às Filas (encerrado em 2023) e o Programa de Gestão de Benefícios (PGB), lançado em abril de 2024 —, analistas e técnicos receberam R$ 68 por processo concluído. No primeiro, os bônus podiam chegar a R$ 10 mil por competência; na versão atual, o teto subiu para R$ 17 mil, com média de R$ 3.111 por servidor.
Do total gasto com os bônus, 60% ocorreram durante o governo Bolsonaro e 40% sob o governo Lula. Antes de 2024, o ano de maior despesa havia sido 2022, com R$ 134 milhões pagos (em valores corrigidos pela inflação).
A crise também reflete o enxugamento do quadro funcional: entre 2014 e 2024, o INSS perdeu quase metade de sua força de trabalho, uma queda de 49% no número de servidores, enquanto a redução média do funcionalismo federal no mesmo período foi de apenas 8%.
O resultado é um sistema cada vez mais sobrecarregado, com menos pessoal, produtividade em queda e milhões de brasileiros à espera de respostas — um retrato de ineficiência administrativa e falhas estruturais que desafiam a gestão da Previdência Social.
